Marco Schiewe
Marco Schiewe

Na indústria, transição energética começa com eficiência

Com um imenso potencial de gerar energia limpa, diversificada e abundante, o Brasil está bem-posicionado para liderar a corrida global pela descarbonização da economia. Nessa perspectiva, sendo responsável por 18,13% das emissões totais associadas à matriz energética por 32% do consumo energético do país, o setor industrial desempenha um papel importante na jornada brasileira de combate à crise climática.

Em novembro do ano passado, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizou uma pesquisa com cerca de 1000 executivos de empresas de pequeno, médio e grande porte sobre suas intenções em relação ao uso de energia renovável. 75% dos entrevistados expressaram muito ou algum interesse em adotar energia solar em suas indústrias, 19% disseram que pretendem usar hidrogênio verde e 19%, manifestaram interesse pela energia eólica.

Segundo informações da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), quase 40 mil indústrias no Brasil já adotaram sistemas de energia solar em seus estabelecimentos, principalmente no segmento de Geração Distribuída (GD). Devido ao avanço da tecnologia fotovoltaica e à maior disponibilidade de componentes no mercado, a instalação de sistemas de mini e microgeração de energia solar em fábricas está se tornando cada vez mais viável. No entanto, a barreira financeira ainda é significativa, especialmente para as pequenas e médias indústrias.

O impacto ambiental positivo dos projetos de geração distribuída (GD) nas indústrias é inegável; no entanto, antes de sua implementação, é essencial que as empresas adotem o uso racional da energia. Isso só pode ser alcançado por meio de uma auditoria energética detalhada, que identifique pontos de desperdício e oportunidades de eficiência energética nas operações.

Uma das razões para iniciar a transição energética por meio da eficiência é sua comprovada capacidade de reduzir os custos operacionais em cerca de 34%. Além disso, ao otimizar os processos industriais para consumir menos energia e diminuir o uso de combustíveis fósseis, as empresas podem manter a mesma produtividade com uma pegada de carbono reduzida. Isso representa um avanço significativo para torná-las competitivas em um mercado cada vez mais preocupado com questões ambientais.

O PotencializEE (Programa Investimentos Transformadores em Eficiência Energética) tem oferecido um importante apoio técnico e financeiro para pequenas e médias indústrias nessa jornada. Apoiado pela Mitigation Action Facility, um mecanismo de financiamento europeu que busca auxiliar economias emergentes no alcance de suas metas de descarbonização, o programa é liderado pelo Ministério do Meio Ambiente (MME) e está integrado ao plano Nova Indústria Brasil, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Sob coordenação da GIZ (Agência de Cooperação Brasil – Alemanha) e em colaboração com o SENAI-SP, o programa oferece subsídios para a realização de diagnósticos energéticos, além de suporte técnico e acesso facilitado a linhas de crédito para a implementação de projetos de eficiência energética.

A iniciativa mostra que a eficiência energética não é apenas um compromisso ambiental, mas uma estratégia de negócios inteligente que pode moldar um futuro mais sustentável e próspero na indústria brasileira. O Brasil está trilhando um caminho positivo para uma economia verde e competitiva e o apoio multilateral é essencial nesse desafio.

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