Uma espécie nativa de árvore brasileira está no centro das atenções da indústria de aviação e no combate ao desmatamento por meio de recuperação de áreas desmatadas. A macaúba se reproduz em velocidade que a torna alvo de empresas e órgãos públicos que precisam reflorestar áreas devastadas. Esta palmeira tem os elementos necessários para a produção de óleo vegetal e combustível sustentável para a aviação.
Com financiamento de R$12 bilhões de reais do governo dos Emirados Árabes, a Acelen Renováveis planeja a plantação em alta escala da macaúba no Brasil. O objetivo é gerar com eficiência combustível sustentável para aviação (SAF) com baixo custo de mercado.
“Seu cultivo será feito utilizando as melhores práticas agrícolas e ambientais, favorecendo a captura de carbono nas plantações, além da redução de emissão de CO2 da semente ao combustível”, afirma a empresa que iniciou a plantação de mudas neste semestre de 2024. A previsão é de que a o óleo e o RD/SAF a partir da macaúba sejam produzidos a partir do início de 2029.
O objetivo da Acelen Renováveis é “criar cópias geneticamente idênticas de plantas superiores promover a uniformidade dos plantios e a manutenção das características desejadas”. A empresa de energia explica ainda que “a pesquisa e o desenvolvimento deste protocolo de micropropagação de mudas de macaúba são inéditos no mundo”. O uso da espécie originária do Brasil na produção de biocombustíveis está no radar da Embrapa há décadas e se tornou aliado fundamental contra as mudanças climáticas.
Recentemente, o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura da macaúba foi aprovado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. A medida impulsiona investimentos no setor de biocombustíveis e se soma ao fato de que a árvore se adapta a diversos tipos de regiões, inclusive em áreas de pastagens.
De acordo com Simone Favaro, pesquisadora da Embrapa que coordena o Zarc Macaúba, “foram utilizados os riscos hídricos e térmicos e observações de área de ocorrência natural da macaúba no território brasileiro, considerando as particularidades das diferentes espécies de interesse”.
O Ministério da Agricultura e Pecuária explica que o Zarc “coloca a macaúba na lista de culturas de importância econômica e dá diretrizes mais sólidas para o seu cultivo. A percepção da sociedade de que o sistema bancário está preparado para apoiar o estabelecimento da cultura contribui para a tomada de decisão pelos investidores”. A pasta afirma acreditar que isto resultará em aumentos de produtividade.
De acordo com a Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata), foram produzidos 600 milhões de litros de combustíveis sustentáveis para a aviação em todo o planeta no ano passado. A expectativa é de que esta quantidade seja três vezes maior em 2024, o que representaria menos de 1% do que é consumido pela aviação.