A China ocupa uma posição no mínimo curiosa quando se trata de mudanças climáticas. Se de um lado é a maior emissora mundial de carbono, é também o país que mais tem investido em energias renováveis. E parte desses recursos tem sido aportados no Brasil nos últimos anos em projetos de geração, transmissão, distribuição e eletrificação de meios de transporte.
Só no ano passado a China investiu US$ 676 bilhões em projetos de transição energética, o que representa 38% dos investimentos globais, de acordo com dados da BNEF, unidade da Bloomberg que trata de assuntos ligados à transição energética.
Já um estudo de economistas do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que, além de crescentes, esses investimentos também têm tido o seu perfil alterado.
“Embora tenha sido detectada redução da participação em investimentos diretos e construção de empreendimentos hidrelétricos de grande envergadura, há maior interesse por projetos em energia eólica e solar”, conforme o estudo “Os Financiamentos Chineses em Energias Renováveis na América Latina e os Desafios das Mudanças Climáticas”.
As empresas que lideram os investimentos são estatais, mas também há a presença de grupos privados.
Entre as estatais, uma das primeiras a aportar no setor de energia eólica, por exemplo, foi a China Communications Construction Company (CCCC). State Grid, que em 2017 comprou o controle da CPFL, e a China Three Gorges (CTG), que em 2015 arrematou as usinas da CESP, são outras duas empresas do governo chinês que já aportaram alguns bilhões em projetos de energia no Brasil.
O setor conta ainda com a participação de empresas privadas chinesas, como a SPIC Brasil.
Outro segmento em que a China também tem se destacado é na eletrificação de veículos. A BYD chegou ao Brasil em 2013 para a fabricação de ônibus elétricos, mas nos últimos anos intensificou os investimentos no segmento de veículos, ganhando espaço no mercado brasileiro.