ODS: Brasil precisa entender benefícios de agir em conjunto em vez de gerar competição

A proteção do meio ambiente e o combate às mudanças climáticas estão entre as metas estabelecidas pelas Nações Unidas por meio de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Estes elementos estão no centro da discussão de autoridades, empresários, acadêmicos e de representantes de outros setores da sociedade.

O entendimento de que é possível traçar uma estratégia de desenvolvimento sem competir com pares, e agir em parceria, é o caminho para que as metas ODS sejam construídas com bases sólidas e de forma que tenham impacto positivo a curto, médio e longo prazo.

Esta é a teoria defendida durante a conferência Energy Transition Research & Inovation, realizada nos dias 7, 8 e 9 de novembro no Centro de Difusão Internacional da Universidade de São Paulo (USP).

Arte: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil/ONU

A gerente executiva da Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), Tamar Roitman, argumenta que o biogás é produzido no Brasil por resíduos e faz questão de deixar claro que o setor atua em parceria com a indústria alimentícia.

“A gente vê que as culturas da cana de açúcar e da soja permitem a produção mútua de energia e de alimentos. Bioenergia é uma potência que o Brasil tem. Isso não compete com alimentos, mas gera mais receitas, empregos e sustentabilidade no campo”, afirma Roitman.

A professora e superintendente de gestão ambiental da USP, Patrícia Iglesias, define a agenda de ODS como transversal. “A proteção e a preservação do meio ambiente estão associadas à questão da qualidade de vida. Precisamos de equilíbrio entre necessidades humanas, econômicas, governanças públicas e meio ambiente”, explica.

A USP ocupa a 10ª posição no ranking mundial de sustentabilidade entre as universidades de todo o mundo e tem como missão zerar a emissão de gases de efeito estufa. O plano conta com estratégias que vão desde reduzir emissões de poluentes até a compensação por meio de créditos de carbono.

“O segredo para o avanço de ODS é como fazer isso em conjunto entre setores público, privado e acadêmico.”

Patrícia Iglesias acredita que isso vai gerar impactos positivos, por exemplo, na agricultura e na indústria, e ressalta que é preciso agir de forma mais ativa, sem esperar apenas que haja uma lei que obrigue a tomada de decisões favoráveis ao avanço de ODS no país.

“Nós temos que buscar soluções alternativas. Não podemos ficar só no “by the book”. Os trabalhos de networking, monitoramento, produção de conhecimento, comunicação da sociedade e a conexão entre as entidades vão contribuir para as ODS. Na USP, um dos nossos objetivos está na parte energética. Temos a implantação de energia solar fotovoltaica e a gestão de resíduos e gestão de energia com base na usina de biogás. Olhando para os ODS, eles são transversais”, conclui.

Todo o processo de gestão passa pela avaliação de elementos que envolvem diversas esferas da sociedade. A representante da Abiogás afirma que o país tem 900 plantas no país, diz que “o papel do poder público é super importante” e aponta que o gás combustível poderia impulsionar o Brasil na transição energética.

“O biogás é subutilizado. A gente poderia produzir 120 milhões de metros cúbicos de biometano por dia. Com todo esse volume, nós poderíamos suprir todo o consumo de gás natural e reduzir nossa dependência de combustível fóssil importado. O biogás é essencial para a descarbonização de alguns setores da economia, como o industrial, da agropecuária e do transporte”, analisa Tamar Roitman.

Equalizar as metas financeiras governamentais e empresariais com o combate à elevação da temperatura global por meio de fontes de energias renováveis, por exemplo, é um caminho essencial para que ocorram melhorias sociais, como a luta contra a pobreza e falta de saneamento básico. A resolução de problemas que afetam grande parcela da população mundial é a chave para que cresça em sincronia a quantidade de pessoas conscientes de que é preciso mudar hábitos para proteger o meio ambiente.

 

 

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