A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e as empresas do setor finalizam os últimos ajustes antes do lance do próximo leilão de linhas de transmissão, que será realizado no dia 28 e que prevê investimentos da ordem de R$ 18 bilhões. A expectativa é de forte disputa já que os lotes em jogo são os que garantem maior receita anual permitida (RAP) aos ganhadores.
Na avaliação de Marcelo Sá, analista do Itaú, esse é o mais importante leilão de transmissão desde 2018 e a expectativa é de um grande número de participantes, sejam as empresas atuando sozinhas ou em consórcio – em especial com companhias do setor da construção civil.
“Este é o leilão mais relevante desde 2018 em termos de compromisso de investimentos e RAP (valor que as companhias recebem pela execução do serviço) e vemos como um evento importante para o setor”, explicou.
A expectativa também é de uma boa disputa técnica. Como alguns ganhadores de menor experiência levaram lotes no passado, a Aneel ajustou as regras, eliminando a possibilidade de participação de empresas que não se mostrem capazes de atender às exigências do regulador.
Ao todo são 15 lotes distribuídos por 14 Estados, 6.464 km em novas linhas de transmissão. Se todos forem arrematados, esse será o segundo maior leilão de transmissão em valor de investimento – o recorde é o do realizado em dezembro, que irá resultar em R$ 19,7 bilhões em obras.
O analista do Itaú explica que foram feitas análises em relação aos maiores lotes (1,2,5, 6, 14 e 15) e, mesmo com as diferentes variáveis, eles se mostraram atrativos.
“Vemos retornos potenciais atrativos com limite de receita”, disse.
Empresas como CTEEP, Alupar, Engie, Eletrobras, Neoenergia e CPFL já manifestaram a intenção de participar deste leilão. Uma das maiores expectativas é em relação à Eletrobras.
A Eletrobras entregou proposta para cerca de 20 lotes dos dois leilões de linha realizados no ano passado, mas levou apenas um – com Furnas, arrematou 303 km em linhas em Minas Gerais, no leilão de junho, mas perdeu todas as disputadas do certame de dezembro.
Durante a teleconferência de resultados no quarto trimestre, o vice-presidente de estratégia e de desenvolvimento de negócios da Eletrobras, Élio Wolff, confirmou a participação no dia 28.
“Nossa intenção é, sim, a de participar no leilão de fim de março, bem como no leilão de setembro. Da mesma forma como a gente já participou nos dois leilões no ano de 23”, disse.
Esse leilão terá empreendimentos em Alagoas, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.
Em termos financeiros, o lote seis é o maior. Entre Bahia e Minas Gerais, o ganhador terá que desembolsar R$ 3,4 bilhões para construir 1.001 km em linhas de transmissão, além de duas subestações.
Um outro leilão está previsto para setembro, com R$ 4,6 bilhões de previsão de investimentos.
Esse certame é importante para o país em diferentes níveis. Do ponto de vista de segurança energética, ter mais linhas de transmissão que possam dar conta do escoamento do aumento da geração é primordial. Há ainda um fator econômico, que é a geração de empregos propiciada por esses empreendimentos. Um terceiro fator, igualmente importante, é o governo garantir condições que estimulem a competição e despertem nas empresas o desejo de realizar investimentos de longo prazo no Brasil.