Os subsídios na conta de luz precisam ser revistos. Esse é o posicionamento de Felipe Peixoto, subsecretário de Estado de Energia e Economia do Mar do Rio de Janeiro. Para ele, “a direção a ser tomada é no sentido oposto, com o replanejamento para a redução dos subsídios”.
Veja a entrevista completa:
Como o senhor avalia o impacto dos subsídios na conta de luz?
Essa é uma questão que precisa ser revista. Hoje, a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) representa 13% do valor da tarifa, o que equivale a R$40 bilhões em 2023. Não é necessário, portanto, mais subsídios. Inclusive, a direção a ser tomada é no sentido oposto, com o replanejamento para a redução dos subsídios.
Como e de onde o setor elétrico pode adquirir mais recursos?
O setor elétrico pode adquirir mais recursos pelo BNDES, além de meios externos (outros países que investem no setor, como a Alemanha em Hidrogênio Verde) e também por outras linhas de financiamento, como debêntures de infraestrutura e fundos.
Quais elementos não podem ficar de fora da reforma do setor elétrico?
Nuclear, biogás, hidrogênio, eólica offshore, melhoria da qualidade do fornecimento e renovação das concessões. Por último, mas não menos importante, a revisão da CDE, de modo a reduzir os subsídios das faturas de energia.
Qual o status das eólicas offshore no Rio de Janeiro?
Apesar do Brasil ainda não ter um marco regulatório para a instalação de parques eólicos offshore, a Secretaria de Estado de Energia e Economia do Mar se antecipou e iniciou um projeto-piloto com o objetivo de impulsionar a implantação de eólicas offshore no Estado do Rio de Janeiro.
O projeto-piloto já conta com mais de 60 empresas parceiras e contempla a avaliação de variáveis como o desempenho das turbinas, a interface com a fauna e a flora marinha e comunidades pesqueiras, a medição dos ventos e a geração de energia. Nossa meta é termos os estudos e as verificações necessárias e sair na frente quando a legislação for aprovada.
Como o senhor avalia a utilização de energia nuclear no processo de transição energética?
A energia nuclear reúne atributos significativamente positivos como fonte de geração de eletricidade, o que ratifica seu papel na descarbonização. A energia nuclear representa uma fonte limpa, que não emite gases causadores do efeito estufa em seus processos de geração. Além disso, trata-se de fonte estável e confiável, com disponibilidade de geração firme, ou seja, sua geração não depende de variantes climáticas como o vento, o sol e a chuva. Destaco ainda que o Estado do Rio é o único gerador de energia termonuclear e que todo o ecossistema industrial, do beneficiamento do urânio na INB em Resende, até a geração no CNAAA em Angra dos Reis, encontra-se sediado em território fluminense, gerando milhares de empregos e renda para a população.
Quais oportunidades o G20 pode trazer ao Brasil no que diz respeito à descarbonização industrial?
São várias as oportunidades, como o acesso a tecnologias inovadoras. Não só o Rio de Janeiro, mas o Brasil pode se beneficiar desse intercâmbio para adotar tecnologias de baixo carbono nas suas indústrias, como captura e armazenamento de CO2, e inovações relacionadas à eficiência energética e a tecnologias de hidrogênio. A realização do G20 também pode beneficiar a transferência de tecnologias entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Outro benefício são as oportunidades de financiamentos e investimentos, já que o Brasil pode ter acesso a fundos internacionais e investimentos dedicados a projetos de sustentabilidade e descarbonização. Isso inclui financiamento para a modernização de infraestruturas industriais, adaptação a tecnologias limpas e desenvolvimento de novos setores verdes. Além de oportunidades de parcerias estratégicas que podem facilitar o intercâmbio de conhecimentos e experiências, bem como o desenvolvimento conjunto de projetos.
Outro aspecto importante é a influência em políticas globais, especialmente relevante para garantir que as necessidades e particularidades do Brasil sejam consideradas em acordos internacionais.
A participação em um fórum como o G20 pode incentivar ainda o setor privado brasileiro a adotar práticas mais sustentáveis e a se engajar em iniciativas de descarbonização, o que pode ser positivo tanto para a imagem quanto para a competitividade das empresas brasileiras no mercado global.
O senhor gostaria de tratar sobre algum outro ponto relacionado à Energia?
Importante destacar que a qualidade da prestação do serviço de fornecimento de energia é fator fundamental para o crescimento sócio econômico. Energia é vital e a qualidade do seu fornecimento é importante fator para atração e permanência de indústrias e grandes empresas no Estado.