O Brasil deu mais um passo para atrair um fluxo maior de investimentos para o país e, assim, contribuir para o crescimento sustentável da economia. O discurso de ser um protagonista no processo de transição energética ganhou aliados de peso após a reunião do G-20 (grupo das maiores economias do mundo).
O saldo do encontro inclui linhas de financiamento para a produção de hidrogênio verde, a criação de um centro para coordenar a descarbonização do setor industrial e um pacote de garantias de R$ 27 bilhões para viabilizar investimentos estrangeiros que tenham como destino projetos de transição energética no Brasil.
As áreas que devem receber os investimentos são a de energia renovável, eficiência energética, agricultura e adaptação ao clima. Para a FGV (Fundação Getúlio Vargas), que elaborou material para o Fórum das Mudanças Climáticas, esses financiamentos servem para apoiar a transição climática e seus efeitos.
“O objetivo do financiamento climático é fornecer recursos financeiros e técnicos para projetos e programas que promovam a redução de emissões de gases de efeito estufa, a proteção contra os impactos das mudanças climáticas e a promoção de uma transição energética justa e sustentável.”
O principal deles é o Eco Invest Brasil, que foi elaborado entre Ministério da Fazenda, Banco Central, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco Mundial (BM). Ele reúne diferentes linhas que servem como garantias – fazendo uso de derivativos cambiais – e dão liquidez às instituições que precisem acessar o mercado de câmbio – o que é necessário quando se pensa em um maior fluxo de recursos para o país.
Além desses recursos, o Brasi ainda tem conseguido promover os biocombustíveis, em especial etanol, globalmente. Esse é um passo importante, já que é uma tecnologia que o país já domina e que conta com uma infraestrutura de distribuição já consolidada.
“A tecnologia brasileira em torno do etanol não é muito falada nem conhecida lá fora. É uma tecnologia super importante e pode estimular a produção ao redor do mundo e até criar uma demanda com maior consumo de biocombustíveis. O Brasil pode atuar muito nessa frente”, avaliou Thomas Trebat, da Columbia Global Center Rio – representação da universidade americana no Brasil.
Com esse interesse, o Brasil tem a chance de se consolidar ainda mais como destino de recursos para a transição energética. Um Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que o país recebeu US$ 114,8 bilhões em investimentos no setor de energias renováveis entre 2015 e 2022, 11% do total investido em energia sustentável nos países emergentes.
Esse montante deve subir ao longo dos próximos anos. Além do crescimento da cifra, o essencial é que esses números se revertem em geração de empregos e qualidade e uma atividade econômica mais sustentável. Para isso, o governo precisa, além do discurso, adotar medidas que facilitem os investimentos no Brasil, o que inclui menor burocracia, mais parcerias e um ambiente jurídico que dê segurança a esse investidor que quer apostar na transição energética.