Transmissão será capaz de suprir crescimento da geração no Nordeste

O Nordeste vai liderar o crescimento da geração de energia renovável nos próximos anos, com um aumento de 70% até 2032. Para que o excedente seja escoado para o restante do país, mais de R$ 60 bilhões em obras serão necessários para reforçar as redes de transmissão.

“A região terá um crescimento de 70%. Do ponto de vista da transmissão, tudo isso está sendo suprido. São as (novas) linhas que transmitirão a energia das fontes renováveis para o Sudeste e Sul”, diz Geraldo Pontelo, diretor técnico da Abrate (Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia).

A capacidade de geração (em operação e contratada) de energia eólica e solar pelo Nordeste é de 34 GW. Esse volume deverá chegar até 57 GW até o final de 2032, segundo o Plano Decenal da EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

Tanto a eólica quanto a solar são consideradas fontes de energia intermitente, que é aquela que não pode ser armazenada e só é transformada em eletricidade enquanto o recurso (vento ou sol) estiver disponível.

Por não poder ser armazenada, a rede de transmissão precisa ser capaz de absorver esse volume adicional e também suportar essa intermitência (geração de energia solar apenas durante o dia e, eólica, na presença de ventos, em geral, no período noturno).

Essa expansão da rede de transmissão irá demandar mais de R$ 60 bilhões em investimentos. Cerca de 60% dessas obras foram contratadas nos dois leilões ocorridos em 2023 e um terceiro leilão está previsto para março. Juntos, são 17 mil quilômetros de novas linhas, o equivalente a 10% do total existente.

“Todas essas obras contratadas começam a ser entregues em 2028 e vão até 2032. A maior parte para aumentar a interligação no Nordeste e Norte de Minas Gerais”, explica.

Na avaliação de Pontelo, o sistema de transmissão, de forma específica, e o setor energético, de maneira mais ampla, são seguros e a possibilidade da repetição de um evento como o ocorrido em agosto, em que um apagão atingiu 25 Estados, é muito baixa.

“Tivemos um processo de desinterligação de algumas linhas. Desde 1984, quando começou esse sistema, foram apenas cinco eventos semelhantes. Não vejo um problema de falta (de rede) de transmissão ou falta de confiabilidade. O sistema é praticamente todo interligado e agrega variadas fontes de energia”, disse.

Participantes do setor

Para o diretor da Abrate, as regras do sistema elétrico brasileiro dificultam a entrada de novas empresas no segmento de transmissão, mas não chegam a ser um impeditivo.

“A experiência nos mostra que quem está no segmento, continua. Para quem não está, é difícil entrar. Não é uma questão financeira, mas é por ser um setor que requer projetos, bons técnicos e gestão de qualidade porque as regras são muito rígidas e há penalidades (para quem não se enquadra)”, explica.

Apesar das barreiras, ele cita entrantes recentes no segmento de transmissão, como a espanhola Celeo.

As duas últimas investidas da empresa ocorreram neste ano. A Celeo arremeteu o lote seis do leilão realizado em junho e o lote dois do certamente ocorrido no dia 15 de dezembro.

Nesse último leilão, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) leiloou três lotes de linhas de energia, que somam 4.4471 km. O deságio ficou em 40% e os empreendimentos devem ficar prontos em até 66 meses.

Além da Celeo, também saíram vencedoras a State Grid e o Consórcio Olympus XVI, formado por Alupar e Mercury.

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